Santiago - duas experiências inesquecíveis: os Caracoles - passagem pela Cordilheira dos Andes e o Terremoto.
Los Caracoles – passagem pela Cordilheira dos Andes
"Um dos dois objetivos de nossa viagem era a passagem pelos Caracoles Chilenos, na Cordilheira dos Andes. Para isto tínhamos programado um dia para pernoite ao pé da cordilheira, assim teríamos a oportunidade de subir e descer.
Não foi possível sair de Santiago porque não havia disponibilidade de hotéis; todos os que tínhamos informação estava completos. Então, permanecemos em Santiago e Romildo foi só aos Caracoles para conhecer. É uma experiência marcante passar pela Cordilheira. A expressão do Ary quando a conheceu no outro dia era: ‘parece que estamos num outro mundo’.
No lado chileno, onde estão as curvas mais fechadas e a subida é mais íngreme, passa-se ao lado mesmo das pedras. São montanhas e montanhas, vales enormes, tudo em proporção gigantesca.
Depois, na curva 19, de onde se tem aquela visão que está na foto oficial de todo mundo que passa por ali, a vista é impressionante. Tudo é muito impressionante: o vale por onde passa a rodovia parece que puxa a nossa visão; os caminhões no esforço de subir e também de descer de vagar, serpenteando pelas curvas; a imensidão de pedras, de montanhas, de vales.
Tudo é muito impressionante, difícil até de expressar este sentimento, pois a gente – eu e tantos outros que por ali passavam, não sei quantos deles pela primeira vez – parávamos e ficávamos observando, por longo tempo.
No lado argentino, que passamos no dia seguinte, já a caminho de Mendoza, o vale nos pareceu mais bonito porque, tanto as montanhas pareciam ter terra – não era pedra pura – como o vale não é íngreme como Chile e é mais largo, o que permitiu uma rodovia mais solta, embora tenham muitas curvas ao lado de montanhas.
Interessante que o Túnel Cristo Redentor, no alto, onde está a divisa entre o Chile e Argentina, divide estas situações da cordilheira. Outra situação que nos impressionou no lado argentino foi que, no meio do vale – que é bem extenso – tem uma espécie de leito de rio, bem profundo, que nos dá a impressão de que, em alguma época, houve uma forte corredeira de água ou lava, que deixou bem destacado o percurso que fez.
Tudo na passagem pela Cordilheira dos Andes é impressionante. Vale a pena – até colocamos como recomendação – a todo aventureiro passar por ali.
É uma experiência de vida, ver aquilo tudo onde se pode constatar que o planeta teve diversos momentos e este nosso é apenas parte de um deles. Com toda certeza, a cordilheira foi parte de uma destas turbulências da modificação do planeta.
Foi muito interessante observar a reação do Ary: por diversas vezes, pilotando maravilhado pelo que via, ele levantava o braço, como que me mostrando aquela imensidão, todo aquele outro mundo. Tive a oportunidade de registrar estes momentos de admiração do companheiro.
Terremoto em Santiago
De madrugada, não sei a que horas – depois fiquei sabendo que era por volta das 03:00 hs – fui acordado. Depois percebi uma coisa estranha no prédio, como que trepidando – parecido com um avião quando entra em turbulência, que se sacode todo.
E aquela situação perdurava. A sensação era do prédio balançando mesmo... E não parava.
Em seguida o Ary acordou também, assustado, dizendo “o que é isto?”. E continuava a trepidação, que era grande. Sem entender, e também sem pensar em terremoto – pois nunca tínhamos passado por esta experiência – abrimos a janela e vimos as primeiras pessoas a chegar na rua.
Aí não sei dizer se alguém falou a palavra terremoto, ou se “a ficha caiu”, o fato é que nos demos conta de que se tratava de terremoto. E o prédio continuava sacudindo. Então foi o desespero.
Corremos para a rua, como os que já estavam lá. E o corredor do hotel já estava cheio das pessoas que também saíam do prédio, que continuava balançando.
Estando já na rua, não sei quanto tempo mais ainda o prédio continuou balançando. Eu, Ary e os demais hóspedes já estávamos fora do prédio quando lembrei das motocicletas que estavam estacionadas ao lado da parede.
Se ruísse ou desprendesse algum material, danificaria as motos – tinham três motos estacionadas, a de Ary, de Romildo e de um alemão. Pois qual não foi nosso susto quando desprendeu um pedaço de reboco, de uns 3 quilos (que não se esfarelou ao chegar ao chão), que caiu a menos de um metro da moto do alemão.
Com todos já fora do hotel e dos prédios ao redor, começou a agitação das organizações de socorro: ambulâncias, bombeiros, polícia, enfim, sirenes e mais sirenes, todos correndo, as pessoas passando, carros e mais carros, tudo àquela hora da madrugada.
Ficamos ali fora até que as coisas sossegassem, e então voltamos ao hotel, uns ao quarto, outros permaneceram na recepção. Eu e Ary, sem conhecimento por nunca ter vivido situação semelhante de terremoto voltamos a deitar, mas sem conseguir dormir.
De vez em quando, novo tremor, mas como era curto o tempo, quando pensávamos em sair, parava. Depois, mais para frente, novo “tremorzinho”. E nós ali, ainda sem saber da gravidade da situação, correndo o risco de levar uma pedrada na cabeça ou mesmo do desmoronamento do próprio prédio de 4 andares, que graças ao bom Deus não ocorreu.
Muito cedo, todos do hotel que também não ficaram em seus quartos, foram tomar café. Aí verificamos que a luz, cortada na hora do terremoto, não voltara.
O fornecimento de gás, também havia sido cortado e assim não podíamos tomar banho (a água é muito fria e não dá para enfrentar uma ducha gelada). Telefones, também sem funcionamento.
No café (desayuno) o dono do hotel ligou o rádio de pilha, aí é que fomos tomar conhecimento de toda a situação e extensão do problema. Havia sido um terremoto grande, informava-se que em Santiago fora 8,5 graus na escala Richter, mas o epicentro foi em Concepcion – distante 350 Km, ao Sul.
Então, como eu e Ary deveríamos viajar para Mendoza, resolvemos aproveitar logo a situação e sair. Novo problema: as vias públicas estavam interrompidas por diversas passarelas que caíram; a passagem pela cordilheira, onde passaríamos, também estava fechada. Nada a fazer, apenas aguardar.
Só conseguimos sair depois de 11h quando voltou a luz e pudemos abastecer as motos (aí vai uma recomendação aos viajantes: nossa instrução de viagem estabelece que as motos já devem passar a noite abastecidas e arrumadas, em ordem de marcha. Eventualidades acontecem. Esta era uma imprevisível.
Neste caso, nosso erro foi minimizado por outras situações de interrupção de vias).
Antes de saírmos do hotel, consegui falar com minha esposa Marilene, que já sabia do terremoto, tendo sido avisada pela Marta, esposa do Ary. Como é grande a aflição dos nossos familiares ante uma situação desta e também a nossa, pois a situação local é muita caótica e demanda algum tempo para se conseguir fazer alguma coisa.
Após confortar Marilene, pedindo que avisasse aos meus filhos e à esposa do Ary que tudo estava bem conosco, fomos aguardar no posto de combustível já prontos para viajar. Já passava das 11hs quando a cidade começava a voltar ao normal.
Enfim, ao meio dia, já estávamos abastecidos e na estrada em direção a Mendoza. Só então pudemos observar alguns problemas ocorridos: passarelas caídas, já sendo retiradas da auto-pista; desmoronamentos na cordilheira, muitas pedras caídas, algumas enormes. A passagem pela cordilheira ficou o dia todo fechada para caminhões.
Nossa viagem para Mendoza, um percurso de 320 Km, durou cerca de 8 horas, devido a estes problemas de trânsito, mas felizmente conseguimos passar. No caminho ficamos sabendo que ocorreram novos tremores, inclusive fortes, mas felizmente já estávamos em território argentino.
Já a salvos em Mendoza (onde informaram que o primeiro abalo de Santiago foram sentido, em escala de 6.0), é que nos demos conta da situação a qual passamos e temos muito a agradecer a Deus por ter nos permitido sair ilesos desta ocorrência."
Obs: Na manhã desta terça-feira os pilotos deixaram a cidade de Mendoza e estão em um município próximo à Córdoba. A previsão de chegada se mantém para o dia 09/03.
Postado por: Lorena Storani
Que sufoco hein!!! Felizmente já estão retornando em segurança.
ResponderExcluirForte abraço aos irmãos.
Rosemberg
Mas Bah!!
ResponderExcluirQue cagaço hein... Romildo??!
Mas o Cara lá em riba, pelo jeito adora motociclistas...
Bueno o susto ja passou, agora é voltar para a querencia e receber um quebra costelas bem cinchado!
Estamos aqui rezando e torcendo todos os dias, para o exito do grupo. Essa experiencia ficará na memoria e no coração dos motociclistas participantes. Presente maior do Divino Pai Eterno não há. Um grande abraço da familia Neto Rocha.
ResponderExcluirMaria da Penha, Maria José da Rocha e Martha Belzoff Rocha
Boa sorte para vcs.
ResponderExcluirQue Deus ilumine cada dia desta aventura maravilhosa!
Um grande abraco, Paulo Cesar "Moto Vena"
Romildo obrigado por nos manter informados,estamos torcendo por vcs... abraco Paulo Cesar "Moto Vena"
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